A reabilitação das perturbações da visão binocular é principal objetivo dos tratamentos em ortóptica. Consistem na estimulação da visão binocular através de exercícios que obriguem os dois olhos a funcionar em simultâneo.
O tratamento mais comum é o da insuficiência de convergência. O tratamento é dividido em doze sessões de curta duração (aproximadamente 20 minutos), ao longo de várias semanas, onde serão aplicados exercícios que estimulem a convergência para perto e longe. Por norma, o tratamento é finalizado quando o paciente consegue já controlar convergência. Um mês após terminar o tratamento, realiza-se uma nova avaliação, de forma a confirmar se ainda existem queixas associadas e se os valores do ponto próximo de convergência e das amplitudes de fusão se encontram normalizados.
Nos casos de ambliopia, nas crianças, é recomendada oclusão do olho “bom”, de forma a estimular o olho com menor acuidade visual. Este tratamento é de extrema importância, e deve acompanhado de tratamento ortóptico, com o uso do sinptoforo para estimular o olho e a sua ligação com o outro por forma a promover a binocularidade. Existem outros exercícios que podem ser associados, como os cadernos de Weiss e as escovas de Heidinger, qualquer deles dirigido à estimulação da fixação central, isto é a fixação na fóvea (parte central da mácula onde se forma a imagem).
O tratamento da ambliopia é muito importante, mas também difícil de aceitar pelas crianças, não só no aspeto funcional como no estético. São crianças por vezes sujeitas a discriminação, sobretudo a escola apelos colegas. Têm também dificuldade pelo menos inicialmente em desempenhar as suas tarefas diárias vendo apenas com o olho pior (nos caos de oclusão). Cabe ao médico, ao ortoptista e aos pais, a tarefa de encontrar estratégias que consigam ajudar a criança a superar esses obstáculos. Sob pena de não ser possível recuperar a visão na totalidade, no que respeita à binocularidade, o que mais tarde se pode refletir, no bem-estar do futuro adulto sobretudo, na atividade profissional que vier a escolher.
Nos casos de estrabismo, uma vez tratada a ambliopia, poderá ser necessária uma intervenção cirúrgica, ao nível dos músculos que movimentam o olho, para tratar o desvio, facilitando o funcionamento de conjunto dos dois olhos. A criança deve ser seguida posteriormente pelo ortoptista, que avaliará da necessidade de mais tratamentos no sentido de garantir o restabelecimento da binocularidade.