O tratamento resume-se muitas vezes, numa primeira aproximação a uma receita de óculos. Mais tarde podem ser receitadas lentes de contacto. Têm a vantagem, além da estética, de dar ao doente uma visão mais natural quanto ao campo visual e ao tamanho dos objetos. As lentes de óculos dos míopes diminuem muito o tamanho do que vemos á nossa volta. É frequente um míope que usa lentes de contacto pela primeira vez, ter dificuldades em adaptar-se à nova forma de ver. O contrário é ainda mais evidente e difícil de suportar. O portador habitual de lentes de contacto ao ser colocado perante a necessidade de usar óculos mesmo que temporariamente, vai ver o mundo à sua volta muito pequeno e tem muita dificuldade inicialmente, mesmo, para se movimentar.
A miopia é a razão mais frequente para uma consulta de cirurgia refrativa, por LASIK. Uma vez tomada a decisão, o oftalmologista terá de se certificar se é um bom candidato, ou melhor se os olhos do candidato têm condições para a cirurgia.
Há vários fatores a considerar:
Em primeiro lugar a idade. Um doente com idade inferior a 18 anos não terá ainda a miopia estabilizada e mesmo os maiores podem não estar. Por isso o ideal é que a história clínica mostre que há já uma estabilização há pelo menos dois anos. Caso contrário vamos operar o doente que fica em qualquer grau de miopia. Não estando a miopia estabilizada, aparecer de novo, ao longo do tempo miopia, embora mais pequena que no início. A história clínica deve ainda, despistar doenças sistémicas que possam pôr em causa a cirurgia, como por ex. º as doenças do colagénio (Lupus, esclerodermia e outras), que podem causar distúrbios estruturais da córnea.
Em segundo lugar a avaliação do grau de miopia e o estudo da córnea, no que respeita à existência de astigmatismo, espessura e regularidade da superfície, aberrações e o despiste de secura ocular (ou olho seco) A topografia da córnea tem aqui um papel muito importante pois permite-nos avaliar todos os parâmetros referidos, exceto o olho seco.
O olho seco é avaliado mediante o teste de Schirmmer (avalia a quantidade de lágrima num período de 5min). É um teste muito simples realizado no gabinete. Por outro lado, na Clínica CPO é possível fazer um exame para avaliar a presença de olho seco e qualidade da lágrima chamado Tear check.
Se não houver qualquer contraindicação o doente é então encaminhado para cirurgia por LASIK. A questão principal para a decisão tem a ver com a espessura da córnea.
Como é necessário retirar tecido corneano para moldar a córnea com o laser de excimer, a relação entre o grau de miopia (mais qualquer astigmatismo concomitante) é fundamental. Não é possível ultrapassar determinados limites de espessura sob pena de mais tarde vir a ter problemas difíceis de resolver (ectasia da córnea). Podemos nalguns casos recorrer a outra técnica com laser de excimer o PRK, que nos permite poupar um pouco mais de tecido da córnea.
Esgotadas as hipóteses de fazer laser, podemos recorrer à cirurgia de lente fáquica, a cirurgia com indicação primária em miopia mais elevadas, acima das 6 dioptrias.
Quando se trata de um míope por volta dos 50 anos, o mais indicado será a substituição do cristalino por uma lente intraocular EDOF (lente de foco alargado) que tem nestes caos excelentes resultados de visuais a qualquer distância, com a ajuda de monovisão mínima, isto é, deixamos o olho não dominante com uma ligeira miopia que favorece a visão de perto.